sexta-feira, 9 de agosto de 2013

En garde, touche!

Ler como um escritor, isso sim é difícil... Dissecar analiticamente a obra camada por camada até encontrar seu âmago; o alicerce. Como muitos escritores, a paixão nasce a partir da leitura e com o que alimentamos com a imaginação. Eis a questão, há tanto o que sugar na vasta literatura disponível, que as ideias começam a se colidir e explodir as estruturas iniciais de nosso livro. É exatamente por isso que estamos passando: processo de desestruturação. Cada vez que supomos ter uma lucidez em cada sentença escrita, traçando rotas em mapas de páginas, acabamos travados em pontos específicos, que nos fazem repensar em cada detalhe previamente definido como “fixo”.
Adoçar com melaço a prosa em nada adianta sem uma boa e forte base arranjada em concreto, tijolo e cimento, portanto, costuramos e rasgamos, costuramos e rasgamos, costuramos e costuramos: pensamentos com ideias. Para garantir algum progresso também estabelecemos um pouco de disciplina, aliás, seguimos em paralelo com nossos compromissos e intensas farras de final de semana. Com 2 horas semanais, de cada um, iremos constituir o conteúdo básico da obra de vez! Qual será o tom da escrita? Por qual ponto de vista estaremos escrevendo? Desenvolveremos o psicológico do protagonista de qual maneira – como ela será e como ela afetará e interagirá com os personagens secundários? Qual(is) a(s) mensagem(ns) que estará(ão) nas entrelinhas a ser(em) transmitida(s)? Ahhh, são tantas as incógnitas empilhadas! Quanto mais pensamos, mais certeza temos que nada sabemos. Estamos perdidos! É extremamente complicado decifrar códigos e montar puzzles com tanto conteúdo solto em nossas mentes.
Há necessidade de captar a essência da verdadeira alma de cada uma das sentenças, destruir tudo que se produziu, mas sem mutilações violentas, para depois discorrer em cima do que previamente foi inventado, iniciado e pesquisado. Consumir o que é útil e transformar o que corria longe da linha do nexo para transformar tudo em borboletas coloridas. Sair do mecânico e compreender cada espaço entre palavras, respirar em cada pontuação, colar os parágrafos e conectar os capítulos até o suspiro final da obra. Levar um pouco do que é palpável e cuidadosamente inserir, com seringa, doses suaves de sensatez lírica ao decorrer das linhas.
Conversamos. Um “conference call” sobre os rumos dos rascunhos. Ateamos fogo nas bordas do papel desenhadas com a escrita para remendar os cantos com tinta de caneta fresca. Minha destra diz: é brincando nas esquinas do ilusório e no que carregamos dentro das gordas malas de cultura acumulada, que completaremos os gaps que restam para empilhar os ossos e montar o esqueleto final. En garde, touche!

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