Meus súditos me seguem para onde eu for, embriagados com meu doce veneno e jeito mordaz. Não me adore. Não chore. Não quero suas esmolas. Sinto pena de você... No fundo estou pouco me lixando para sua vida. Amo quem me destrói, mas me ensina com histórias, pois morro cada pouco, um pouco mais, com a dádiva que me acorrenta e condena.
Gostaria de fincar meus pés em solo mais
uniforme; num mundo mais plano... Sem essas imensas montanhas, rochas e
depressões; ladeiras íngrimes que nos jogam em queda livre, velozmente
direcionadas ao penhasco. Cansa tentar subir de novo até o ponto em que
estava antes. Por esta razão fiz de minha morada as cavernas mais remotas, isolada e escondida do caos, questão de autopreservação. Após muito tempo refletindo e consumindo minha própria loucura, rendi-me ao mundo sujo. Atualmente bebo todos os venenos da humanidade e decapto os sonhos um por um por sede de sabotagem; quero ser a compositora das minhas melancólicas músicas melancólicas, que canto com toda a força de meus pulmões. Sei que aqui é preciso trabalhar pra ser e existir, agir de acordo com o recomendado na bula, mas ainda acredito que sobreviver é, nesta Terra, prostituir-se. Tenho a consciência de que nada me pertece além do que você pode me dar e, acredite, irei despi-lo e deixá-lo às avessas. Espero que esteja armado com um boa história, caso contrário corroeirei suas lembranças, pois almoço minhas vinganças ainda quentes....